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Pacientes Sofrem Perda de Visão Após Mutirão de Cirurgias no Rio Grande do Norte

Foto do escritor: João FalangaJoão Falanga

Pacientes Sofrem Perda de Visão
Cirurgia de Catarata

O cenário de horror que emergiu no Rio Grande do Norte, mais especificamente em Parelhas, assemelha-se a uma narrativa de filme de terror, onde a vida real ultrapassa qualquer trama fictícia. O que parecia ser uma iniciativa de cuidado, transformou-se em um espetáculo de dor e desespero, com contornos quase inimagináveis.


Cirurgias Oftalmológicas em Parelhas: Um Episódio de Tragédia e Investigações


Nos dias 27 e 28 de setembro de 2024, a cidade de Parelhas, no Rio Grande do Norte, vivenciou um episódio trágico durante um mutirão de cirurgias oftalmológicas realizado na Maternidade Dr. Graciliano Lordão. A ação, promovida pelo município em parceria com a empresa Oculare Oftalmologia Avançada LTDA, resultou em complicações severas para parte dos pacientes, com relatos de infecção bacteriana que culminaram em perdas irreparáveis para a visão de algumas das pessoas atendidas.


Endoftalmite: A Infecção que Deixou Marcas Profundas



Das 20 pessoas submetidas ao procedimento no dia 27 de setembro, 15 desenvolveram sintomas de endoftalmite, uma grave infecção ocular provocada pela bactéria Enterobacter cloacae. A endoftalmite, conhecida por sua agressividade e risco elevado de perda da visão, impôs a necessidade de procedimentos extremos para conter a infecção. De acordo com Tiago Tibério dos Santos, secretário de Saúde do município, "oito pacientes tiveram que retirar o globo ocular, quatro passaram por vitrectomia — procedimento que substitui o humor vítreo do olho — e três continuam sob acompanhamento médico".


A endoftalmite é uma condição rara, geralmente associada a intervenções cirúrgicas, que compromete rapidamente os tecidos oculares. Quando não tratada de forma eficaz, pode levar à destruição total do globo ocular, como ocorreu com vários dos pacientes do mutirão.


Medidas Emergenciais e Ações de Investigação


A empresa responsável pelo mutirão, Oculare Oftalmologia Avançada, afirmou em nota que as cirurgias foram conduzidas por um "oftalmologista experiente" e seguiram todos os protocolos médicos e de segurança exigidos. Entretanto, após a notificação dos primeiros casos de complicação, a equipe médica reavaliou todos os pacientes afetados e implementou as medidas necessárias, incluindo o tratamento com antibióticos e intervenções cirúrgicas adicionais.


O secretário de Saúde de Parelhas confirmou que o município iniciou um inquérito civil público para apurar as responsabilidades. Representantes da empresa serão ouvidos pelas autoridades locais, e amostras biológicas foram coletadas para análise pela Superintendência de Vigilância Sanitária (Suvisa). Até o momento, a Vigilância Sanitária do Rio Grande do Norte está conduzindo uma investigação para determinar as causas exatas das infecções.


Impacto Devastador para as Vítimas e Suas Famílias


A cabeleireira Izabel Maria dos Santos Souza, de 63 anos, foi uma das pacientes diretamente afetadas pela infecção. Após a cirurgia no mutirão, Izabel precisou ser submetida a uma evisceração ocular — procedimento em que o conteúdo do globo ocular é removido, preservando os músculos ao redor. Atualmente, Izabel segue internada no Hospital Universitário Onofre Lopes, em Natal, recebendo tratamento para conter a disseminação da bactéria.


A família de Izabel relatou o abalo emocional causado pela perda irreversível da visão. "O psicológico dela está bem mexido, tanto para ela quanto para a família", afirmou o filho Evandro Santos, expressando a angústia pela falta de informações concretas sobre o que levou a essa situação.


Outra vítima do mutirão, uma idosa de mais de 80 anos, também sofreu complicações sérias após a cirurgia. Segundo sua filha, que preferiu não ser identificada, a idosa começou a apresentar secreções no olho logo no dia seguinte ao procedimento. Após consultas com especialistas em Natal, a família recebeu o diagnóstico temido: a remoção do olho seria necessária para evitar a propagação da infecção e impedir riscos à vida da paciente.


Nota Oficial e Condutas de Responsabilidade


Em resposta à situação, a Oculare Oftalmologia Avançada reiterou que todas as cirurgias seguiram os protocolos médicos rigorosos. A empresa declarou que, assim que os casos de complicação foram identificados, disponibilizou assistência médica contínua aos pacientes afetados, assegurando o tratamento com antibióticos e procedimentos cirúrgicos conforme os melhores padrões oftalmológicos.


Apesar das medidas tomadas, a gravidade das complicações levantou questões sobre a segurança dos procedimentos realizados. Além disso, o fato de que 330 intervenções semelhantes ocorreram desde maio de 2022 sem registro de complicações semelhantes evidencia a excepcionalidade do ocorrido durante este mutirão específico.


Perspectivas Finais e Andamento das Investigações


A Superintendência de Vigilância Sanitária (Suvisa) está analisando as amostras biológicas coletadas para identificar a causa das infecções. A conclusão do inquérito determinará se houve falhas nos procedimentos ou negligência por parte dos profissionais envolvidos. Enquanto isso, as famílias das vítimas continuam buscando respostas e tratamento para os danos sofridos.


O caso em Parelhas destaca os riscos inerentes a mutirões de cirurgias em larga escala, que, apesar de essenciais para reduzir filas de espera, exigem uma vigilância rigorosa quanto à segurança e qualidade dos procedimentos realizados.


Considerações sobre o Futuro dos Mutirões de Cirurgia

Embora os mutirões de saúde sejam iniciativas vitais para ampliar o acesso a tratamentos médicos, os eventos de Parelhas ressaltam a importância de se garantir a qualidade irrestrita dos cuidados oferecidos. Investigações detalhadas serão essenciais para aprimorar as práticas futuras, prevenindo novas tragédias e restabelecendo a confiança da população nos serviços de saúde pública.


Esses eventos evidenciam a complexidade dos desafios enfrentados pela saúde pública, onde a necessidade de rapidez no atendimento deve sempre ser equilibrada com a segurança e eficácia dos procedimentos realizados. As respostas das autoridades e dos profissionais envolvidos determinarão o curso das próximas ações para assegurar que tragédias semelhantes não se repitam.


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