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Fintechs, CDI e CDB: Promessas, Riscos e a Realidade dos Rendimentos

Foto do escritor: João FalangaJoão Falanga

Gráfico ilustrando a relação entre ofertas de CDBs de fintechs e o rendimento do CDI.


Já que a internet curte uma polêmica vou lançar uma.


As fintechs e bancos digitais têm conquistado investidores com ofertas chamativas – muitas vezes prometendo aplicações financeiras que rendem 100% do CDI ou até porcentagens acima disso. Mas, afinal, o que realmente significa investir em um produto que "rende 100% do CDI", especialmente no CDB?


E por que uma instituição financeira pode oferecer um rendimento superior a 100% do CDI? Neste artigo, vamos desmistificar esses termos, explicar como funciona o retorno do CDI em uma aplicação e alertar para os riscos e condições ocultas que podem estar por trás dessas promessas.


1. O que é o CDI e por que ele é tão referencial?


O Certificado de Depósito Interbancário (CDI) é uma taxa média dos empréstimos realizados entre bancos para equilibrar seus caixas ao final de cada dia. Essa taxa é o principal indexador dos investimentos de renda fixa no Brasil, servindo como referência para produtos como CDBs, LCIs, LCAs e fundos DI. Em outras palavras, quando um investimento diz “rende 100% do CDI”, ele promete acompanhar exatamente o desempenho desse indicador – que, geralmente, se mantém próximo à taxa Selic, a taxa básica de juros da economia.


2. Entendendo a rentabilidade de 100% do CDI no CDB


Quando você investe em um CDB que paga 100% do CDI, isso significa que, ao longo do período da aplicação, o rendimento bruto do seu dinheiro será exatamente o mesmo da taxa CDI vigente. Por exemplo, se o CDI estiver em 10% ao ano, um investimento a 100% do CDI renderá 10% no mesmo período – sem surpresas, sem acréscimos ou descontos no cálculo base. Contudo, essa é a rentabilidade nominal; os rendimentos efetivos podem ser afetados pelos impostos (como IR e IOF) e pela forma de capitalização dos juros, que ocorre diariamente.


3. Por que as fintechs anunciam percentuais acima de 100% do CDI?


Muitos produtos oferecidos por fintechs apresentam taxas como 110%, 120% ou até mais do que 100% do CDI. Mas o que está por trás desses números?


  • Atratividade Comercial: Oferecer um rendimento acima de 100% é uma estratégia de marketing para atrair clientes, sobretudo pequenos investidores que buscam ganhos mais expressivos sem necessariamente entender as implicações.

  • Compensação de Riscos e Restrições: Produtos com rentabilidades “elevadas” geralmente vêm acompanhados de restrições – como prazos de carência longos, baixa liquidez ou condições que limitam a utilização do dinheiro. Esses bônus podem ser uma forma de compensar o investidor por aceitar ter seu capital "preso" por um período maior ou exposto a riscos mais elevados.

  • Utilização de Recursos Próprios: Em alguns casos, como no PicPay, a instituição pode complementar o rendimento com recursos próprios ou utilizando operações internas que, por exigência regulatória, mantêm o dinheiro investido em ativos de baixo risco – mas isso não significa que o investidor receberá, na prática, lucros exorbitantes, especialmente se considerar a tributação e as condições promocionais.


4. Como funciona o retorno do CDI na prática


O rendimento dos investimentos atrelados ao CDI é calculado diariamente e aplicado de forma composta ao longo do período. Veja alguns pontos importantes:


  • Capitalização Diária: Os juros são calculados diariamente com base no CDI e acumulados ao longo do tempo, o que pode aumentar o rendimento final se o período de aplicação for longo.

  • Impacto dos Impostos: O retorno nominal prometido (por exemplo, 100% ou 110% do CDI) sofre a incidência do Imposto de Renda (com alíquotas regressivas conforme o tempo de aplicação) e, em alguns casos, do IOF em resgates realizados em períodos curtos.

  • Liquidez e Prazo: Alguns CDBs com rendimentos acima de 100% do CDI exigem que o investidor mantenha o dinheiro aplicado por períodos pré-determinados para não perder o rendimento “prometido”. Isso significa que, se você precisar resgatar seu dinheiro antes do prazo, poderá receber um retorno consideravelmente menor ou até arcar com penalidades.


Ferramentas de simulação – muitas vezes disponíveis em plataformas online – permitem que o investidor calcule o rendimento líquido após impostos e condições contratuais, facilitando a comparação entre produtos.


5. É possível confiar nessas promessas? Fique atento!


Apesar de, à primeira vista, ofertas que pagam 100% ou mais do CDI parecerem muito vantajosas, é essencial ter cautela:


  • Leia as Condições: Sempre leia a letra miúda do contrato. Muitas vezes, o rendimento atrativo só se aplica se o dinheiro ficar aplicado por um período longo – o que pode não ser compatível com a sua necessidade de liquidez.

  • Avalie a Saúde Financeira da Instituição: Mesmo que CDBs sejam garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até R$ 250 mil por CPF, produtos oferecidos por fintechs ou bancos digitais podem ter riscos adicionais relacionados à solidez financeira da instituição.

  • Cuidado com Taxas Ocultas: Além dos impostos, podem existir taxas de administração ou outras cobranças que diminuam o rendimento efetivo do seu investimento (Serasa).

  • Oferta Promocional: Taxas muito acima de 100% podem ser promocionais e ter validade limitada. Quando a promoção acabar, o rendimento pode voltar a ser de 100% do CDI ou menos.


Investir sempre deve ser feito de forma racional, considerando seus objetivos, perfil de risco e a necessidade de resgatar o capital sem grandes perdas. Se algo parecer bom demais para ser verdade, investigue – a transparência do produto e a clareza das condições são fundamentais para tomar uma decisão informada.


6. Conclusão


Promessas de aplicações financeiras que rendem 100% do CDI – ou até acima disso – são comuns no universo das fintechs e dos bancos digitais. Embora a ideia de acompanhar ou superar o CDI seja atraente, é crucial compreender o que está por trás dessas ofertas: a capitalização diária, os impostos, as restrições de liquidez e os riscos associados à saúde financeira da instituição.


Portanto, antes de investir, certifique-se de ler todas as condições do produto, utilizar simuladores para entender o rendimento líquido e, se possível, contar com a orientação de um assessor financeiro. Lembre-se: uma oferta muito atrativa pode esconder “pegadinhas” que, no longo prazo, podem comprometer seu retorno. Faça seu dinheiro trabalhar de forma consciente e informada.


Investir bem é sinônimo de planejamento, cautela e conhecimento – não se deixe levar apenas por promessas que brilham no papel sem a devida análise dos riscos envolvidos.


Fontes adicionais:


Ao manter uma postura crítica e bem informada, você estará mais preparado para escolher os investimentos que realmente atendem aos seus objetivos financeiros e evitar surpresas desagradáveis no futuro.

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