Como os jogos eletrônicos, e em especial o GTA, podem melhorar as habilidades mentais?
- João Falanga
- 14 de jan. de 2023
- 10 min de leitura
Atualizado: 22 de abr. de 2024
Eu admito, jogo videogame e PC e não vejo nada de errado nisso. Claro, no horário certo, e quando estou livre para fazer isso. Aliás, uns dos meus jogos preferidos é um da série GTA (Grand Theft Auto — grande roubo de carros, em português).
Antes do leitor sair me julgando e achando que jogar este tipo de jogo é um absurdo e estimula violência, leia o que me levou a escrever o texto abaixo.
Sim, defenderei o GTA. Alô Rockstar Games. Me liga.
Os gatilhos foram, estas matérias do site da BBC News: https://www.bbc.com/portuguese/geral-52728977, e https://www.bbc.com/portuguese/geral-59909918, e achei que justifica e muito, sobre minha opinião em achar que jogos eletrônicos, em alguns casos, ajudam, sim, no desenvolvimento intelectual das pessoas.
E a minha opinião de achar bobagem falar que jogar jogos eletrônicos fazem mal.
Sobre o Jogo (ou a série) Grand Theft Auto.
Grand Theft Auto (GTA) é uma série de jogos eletrônicos criada por David Jones e Mike Dailly, sendo posteriormente gerenciada pelos irmãos Dan e Sam Houser, Leslie Benzies e Aaron Garbut. A maioria dos jogos foi desenvolvida pela Rockstar North (antiga DMA Design) e publicada pela Rockstar Games. O nome da série é um termo policial utilizado nos Estados Unidos para identificar roubos de automóveis: Grand Theft refere-se a furtos de valor elevado (maior que US$ 400,00) e Auto designa os automóveis. O nome desse crime, no Brasil, é Roubo Qualificado de Automóveis e em Portugal designa-se por carjacking.
Os jogos da série se passam em cidades fictícias dominadas pelo crime e pelas gangues de rua, fortemente modeladas com base em grandes metrópoles, principalmente dos Estados Unidos. O personagem jogável (um criminoso, protagonista de um enredo repleto de atividades ilegais, como violência, tráfico de drogas, assassinato, prostituição etc.) pode cumprir missões para o progresso da história, bem como participar de ações não lineares num mundo aberto, consistindo de ação, aventura, RPG, corridas, entre outros. GTA também faz homenagens a diversas personalidades, como por exemplo Eazy-E, que inspirou o personagem Ryder em Grand Theft Auto: San Andreas.
O desenvolvedor de videogames DMA Design foi responsável pelo início da série em 1997, que atualmente conta com onze jogos autônomos e quatro pacotes de expansão. O terceiro jogo da cronologia, Grand Theft Auto III, foi muito elogiado, já que trouxe a série para um cenário 3D com muito mais experiência e inspirou o lançamento de vários clones. Títulos subsequentes, tais como Driv3r, tiveram seu desenvolvimento baseado no padrão introduzido em Grand Theft Auto III.
A franquia, assim como Call of Duty, é um dos produtos de entretenimento mais rentáveis da história, arrecadando com seu último jogo quase um bilhão de dólares nas primeiras 24 horas de lançamento. Bateu também vários recordes no Guinness Book, inclusive como o jogo de ação de videogame a alcançar o maior valor em vendas em 24 horas. A franquia foi também considerada pelo The Telegraph como uma das maiores exportações do Reino Unido. Até novembro de 2016, a série Grand Theft Auto já havia vendido mais de 250 milhões de cópias, tornando-se assim na quinta franquia de videogames mais vendida de todos os tempos.

Mas, o sucesso veio mesmo com último título lançado: GTA V (five em inglês ou cinco em português). E é esse que gostei mais e jogo muito. Inclusive sua versão on-line.
O que acho que tem de bom no GTA V e em sua versão on-line?
Aqui argumentarei utilizando um pouco da matéria que via na Folha de S. Paulo e que é republicação da matéria do Finacial Times: veja aqui.
Em meio à enxurrada de anúncios que cercaram o lançamento do PlayStation 5 e do Xbox Series X, um fato não surpreendeu ninguém-que o “Grand Theft Auto 5”, da Rockstar Games, vai ganhar um relançamento de próxima geração. Com isso, será possivelmente o único game a ser lançado para três gerações sucessivas de consoles, tendo saído inicialmente em 2013.
Segundo a maioria das estimativas, o “GTA 5" é o produto de mídia mais lucrativo de todos os tempos. Pelo menos 135 milhões de cópias do jogo já foram vendidas até hoje, arrecadando um total bem superior a US$ 6 bilhões, ou R$ 31,9 bilhões — mais que o dobro da bilheteria do filme mais lucrativo da história, “Vingadores: Ultimato”.
O fato de as pessoas continuarem a comprar esse game é interessante; afinal, 2013 é praticamente o Cretáceo, contado em anos de videogames. Com tantos jogos inovadores e atraentes saindo todos os meses, por que milhões de pessoas continuam a jogar “GTA 5”?
Para começar, o “GTA 5” oferece uma experiência estelar para o gamer que joga sozinho e que pode controlar três criminosos ousados que lançam uma série de assaltos audazes.
O tom característico da Rockstar é o satírico, e esta edição ironiza as redes sociais, os reality shows e a cultura do “wellness”, com fartas referências à cultura pop.
Por exemplo, se o jogador for para o cânion Raton às 19h, verá duas mulheres se arremessando de um penhasco num conversível, numa referência a “Thelma & Louise”. Esse é só um entre inúmeros detalhes ocultos que recompensam os exploradores dedicados do estado virtual de San Andreas, um pequeno pastiche da Califórnia, repleto de detalhes e caracterizações ímpares.
Mesmo que tenha essa história instigante, o game deve seu sucesso real e duradouro a seu componente multiplayer, o “GTA Online”. O modo online foi visto como fracasso quando foi lançado, mas, desde então, a Rockstar o vem modernizando, convertendo o jogo num produto sofisticado e que não se destina só aos fãs inveterados, tanto assim que neste ano o “GTA Online” alcançou um recorde de jogadores.
As atualizações constantes da cidade de Los Santos oferecem novas missões e novos veículos aos jogadores, além da oportunidade de administrar boates onde poderão lavar o dinheiro ganho ilegalmente.
A introdução de roupas fluorescentes para extraterrestres neste ano levou a uma guerra intensa em que jogadores formaram exércitos de extraterrestres verdes e roxos e ficaram caçando mutualmente na cidade. A Rockstar deu aos jogadores as ferramentas para criarem sua própria cultura e história virtual.
E por que jogar um jogo desses ajuda no desenvolvimento do foco nas metas? O que traz de bom para meu trabalho?
É aqui que as matérias da BBC citada no início do texto ajuda no argumento. Aliás, manchete da primeira matéria é a seguinte: “Games melhoram a memória — e outras revelações do maior experimento sobre inteligência já realizado no mundo”.
Só esta manchete da primeira matéria, já chama atenção pelo fato que ela desmitifica aquela máxima, que jogos de videogame ou mesmo do PC, ou mesmo de outras plataformas, fazem mal, deixam as pessoas alienadas, ou mesmo as tornam violentas, como o GTA.
Abrindo um parêntese, sempre achei uma bobagem isso. Sou do tempo do Atari, e já nessa época já tinha jogos de tiro e nem por isso virei um bandido.
A pesquisa começou com um convite da BBC para as pessoas participarem de um teste de inteligência desenvolvido pelo cientista Adam Hampshire, do Imperial College de Londres.
Mais de 250 mil pessoas já responderam perguntas sobre si mesmas e depois foram testadas, com atividades que às vezes se parecem com jogos.
Esses números fornecem informações sobre como os diferentes tipos de inteligência humana estão relacionados a variáveis como estilo de vida, personalidade e o uso da tecnologia — este é o gancho para eu dissertar sobre os jogos.
Vou direto no ponto da pesquisa que se fala da influência dos jogos nas mentes das pessoas.
Para surpresa dos pesquisadores, não há uma ligação clara entre a capacidade intelectual e o tipo de tecnologia usada ou a quantidade de tempo gasto nela.
Exceto em uma área…
Quanto mais tempo as pessoas passam jogando jogos de computador, melhores são suas pontuações nos testes de memória de trabalho espacial (sua capacidade de lembrar onde estão as coisas, como as chaves do carro), atenção e raciocínio verbal.
Nesse caso, a idade efetiva não foi considerada. Portanto, não se trata de jovens contra idosos, mas de um vínculo muito claro com o jogo.
Uma das descobertas mais surpreendentes foi que os jogos podem realmente melhorar um dos principais componentes da inteligência: a memória de trabalho, nossa capacidade de manter temporariamente as informações ativas para uso em diferentes atividades cognitivas, como compreensão ou pensamento.
“Qualquer pessoa que tenha ido a algum lugar para fazer alguma coisa e tenha esquecido o que era na chegada sabe do que estamos falando”, diz Louise Nicholls, da Universidade Strathclyde.
As pessoas que jogam no computador obtiveram melhores resultados nesses testes do que aquelas que treinam mentalmente, indicando que esses jogos podem ser um passatempo mais valioso para aqueles que desejam melhorar suas habilidades cognitivas.
Deve-se notar que estudos controlados sobre a relação positiva entre a quantidade de jogo e esse aspecto da inteligência produziram resultados consistentes com os da BBC, diz Nicholls. Mas importa qual é o jogo?
“Os resultados mais confiáveis falam especialmente dos videogames de ação, aqueles que envolvem navegar em diferentes ambientes, encontrar alvos visuais e tomar decisões rápidas. Mas até mesmo jogos de quebra-cabeças espaciais, como o Tetris, são benéficos”, afirma a especialista.
Na segunda matéria, li que se você tem dificuldade de realizar várias tarefas simultaneamente, ignorar as distrações do dia a dia e priorizar sua lista de afazeres, pasme — os videogames podem ser um grande aliado.
Ou seja, talvez a prática não seja tão “perda de tempo” como alguns pais (ou namorada(o), amigos), imaginam.
“Como mãe de três filhos, eu pensava a mesma coisa. Como cientista no laboratório, fiquei muito surpresa ao descobrir que alguns videogames têm efeitos positivos no cérebro e no nosso comportamento”, diz a neurocientista cognitiva Daphné Bavelier, cuja pesquisa usou eletrodos presos ao couro cabeludo de jogadores para entender o que acontece no cérebro enquanto se joga videogame.
Tá… E o GTA? É um jogo onde os personagens são bandidos e cometem crimes. Isso é benéfico?
É o que a pesquisa da segunda matéria explica. Mas antes…
A questão se o jogo dá mau exemplo ou não, para mim é irrelevante.
Explico: como na opinião acima, sempre achei bobagem essa coisa de jogo torna pessoa violenta ou mesmo a faz cometer crimes.
Acredito que vai mais do caráter da pessoa e como isso influência a mente da pessoa. Geralmente, pessoas que se utilizam de jogos violentos para cometerem atrocidades, já possuem consigo o problema de comportamento, ou mesmo, este desvio de caráter. Neste caso, cabe mais um estudo psicológico-forense (abraços ao Grande Psicólogo Forense Guido Palomba, professor da faculdade de Direito), do criminoso e sua vida pregressa à época do crime cometido do que já sair atribuindo culpa em jogos chamados violentos.
Não existem também filmes violentos? E filmes de terror? (que, aliás, gosto muito também). Quando são lançados estes filmes, vemos uma “epidemia” de pessoas fantasiadas de palhaços assassinando outras? Não. Não vimos.
Então esta discussão de que jogos são grandes culpados da violência das pessoas para mim, é papo furado e continuarei a dissertar o benefício que trazem para a mente das pessoas. Qualquer coisa contrária, já beira a hipocrisia.
Aqui veja como jogo eletrônico afeta o cérebro.
“Jogos de tiro em primeira e terceira pessoa realmente reforçam o quão bem você presta atenção. Eles também melhoram o quão bem você enxerga ou escuta — o que chamamos de percepção. E revelam ainda uma melhora acentuada na cognição espacial e na memória de trabalho e na capacidade multitarefa”, afirma a neurocientista cognitiva Daphné Bavelier.
“Na verdade, são benefícios, com potencial de uso no dia a dia.”
O que acontece é que, ao jogar esses games, você está treinando seu cérebro.
“Ativamos uma rede de áreas no córtex frontal, outras no córtex parietal — uma rede, conhecida por ser responsável pela atenção descendente. Essa rede fica mais reforçada e muito mais eficiente no processamento de informações”, explica a neurocientista.
E assim, veja como o jogo exige uma dedicação das pessoas para as missões contidas nele, a saber.
As atualizações mais inteligentes são as que incentivam os jogadores a criar comunidades, formar gangues de motoqueiros ou contratarem mutualmente, formando hierarquias mafiosas complexas — trabalho em equipe, não?
O "GTA Online" evoluiu pouco a pouco, passando de simulador criminoso absurdista a uma vida virtual para a qual as pessoas iam simplesmente para passar tempo com os amigos ou dirigir carros aos quais jamais teriam acesso na realidade. Ok, se for bem dosado, a pessoa não abstrai de sua vida “normal”, mas aqui estou ressaltando a criação de laços de amizade, ou mesmo networking. Sim, se pessoas podem criar laços afetivos ou mesmo sexuais em sites de namoro, por que no jogo não podem?
Semelhantemente, os jogadores aproveitaram a popularidade crescente do YouTube e do Twitch para postar vídeos deles próprios jogando, atingindo plateias enormes. Até o momento em que estou escrevendo este texto, 11 milhões de horas de “GTA 5” haviam sido vistas no Twitch na semana passada — parafraseando Neguinho da Beija Flor: olha o foco aí gente!!! Algumas até ganham dinheiro com isso, divulgando informações sobre o jogo (empreendedorismo).
Desde o início, a Rockstar tomou a iniciativa inteligente de deixar que os jogadores modifiquem o software do game. Ela introduziu um modo de editor que permite ao público dirigir o tempo, as condições meteorológicas e os habitantes, de modo a criar filmes com elencos de videogame (conhecidos como “machinima”).
Esses filmes variam desde documentários sobre a natureza até simulacros de 007 com três horas de duração. Aqueles que querem mergulhar ainda mais fundo podem ingressar na comunidade de “modders” que editam o software para atualizar as imagens ou acrescentar elementos como super-heróis e uma parada de orgulho LGBT. Podemos acrescentar, produção de conteúdo, incentivo à diversidade, viver em comunidade.
Ainda mais surpreendente, os jogos de ação também demonstraram aumentar a massa cinzenta em uma área associada ao raciocínio abstrato e à resolução de problemas.
Em relação à visão, um estudo recente revelou que jogar 50 horas de games de ação por nove semanas — um pouco menos de 1 hora por dia — melhora a sensibilidade ao contraste.
Em outras palavras, você é mais capaz de distinguir entre tons de cinza, útil quando você está dirigindo à noite ou em outras situações de baixa visibilidade. E a sensibilidade ao contraste parece piorar naturalmente à medida que envelhecemos.
Infelizmente você não obtém estes benefícios jogando games mais calmos — é importante que sejam jogos de ação.
São ou não benefícios? Sim, desde que feito com MODERAÇÃO, o jogo GTA e outros de ação, podem ser, sim, grandes aliados para desenvolvimento para seu trabalho.
Caso discorde, por pavor, não deixe de apresentar seu argumento nos comentários ou algum link relacionado, com algum estudo científico, por exemplo. Me poupem de birras e posições ideológicas, isso é uma rede sobre trabalho e educação corporativa.
E quem quiser jogar GTA on-line comigo, fica o convite. Me chamem no privado. E tenho o aplicativo Discord, como bom jogador que se prese.
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