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Foto do escritorJoão Falanga

Apostas esportivas no Brasil: A dura realidade econômica enfrentada pelos apostadores de baixa renda


Apostadores de Baixa Renda
Imagem gerada por IA

No cenário das apostas esportivas no Brasil, um retrato preocupante emerge. Uma parcela significativa dos brasileiros que se aventuram nas apostas online, especialmente através das populares plataformas de "bets", enfrenta desafios econômicos substanciais.


Segundo uma pesquisa recente conduzida pelo Instituto Locomotiva, que entrevistou mais de 2 mil pessoas em 142 cidades brasileiras, entre os dias 3 e 7 de agosto de 2024, esses apostadores são, em sua maioria, indivíduos de baixa renda, muitos dos quais estão imersos em dívidas e dependem fortemente de múltiplos cartões de crédito.


Perfil Socioeconômico dos Apostadores


A pesquisa revela que quase metade dos apostadores (46%) está na faixa etária dos 19 aos 29 anos, com 34% pertencentes às classes CDE, as quais representam as camadas mais vulneráveis da sociedade em termos econômicos. Dentro das classes AB, que são consideradas de maior poder aquisitivo, o número de apostadores é reduzido, com 25% dos entrevistados admitindo que participam de apostas online.


Esses dados sugerem que as apostas, frequentemente vistas como uma forma de entretenimento ou como uma tentativa de melhorar a condição financeira, acabam atraindo principalmente aqueles que já estão em situações econômicas precárias.


Endividamento: Uma Triste Realidade


Um dos aspectos mais alarmantes apontados pelo estudo é o elevado nível de endividamento entre os apostadores. Renato Meirelles, fundador do Instituto Locomotiva, destaca que um terço dos indivíduos que apostam está regularmente endividado e com o nome sujo na praça.


Este dado levanta sérias questões sobre a sustentabilidade desse hábito entre os brasileiros de baixa renda, que, em muitos casos, podem estar sacrificando necessidades básicas em prol da esperança de um ganho fácil e rápido nas apostas.


Dependência do Crédito: Um Ciclo Perigoso


A dependência de cartões de crédito entre os apostadores é outro ponto crítico identificado pela pesquisa. Aproximadamente 37% dos apostadores possuem três ou mais cartões de crédito, os quais são amplamente utilizados como meio de pagamento nas plataformas de apostas.


Essa prática pode levar a um ciclo vicioso de endividamento, onde os indivíduos utilizam crédito para continuar apostando, aumentando suas dívidas e, eventualmente, prejudicando ainda mais sua estabilidade financeira.

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Implicações para o Mercado de Apostas


O mercado de apostas esportivas no Brasil está em um momento de transição, com 23 plataformas de apostas aguardando a obtenção de licenças para operar legalmente no país a partir de janeiro de 2024. Este processo de regulamentação traz à tona a necessidade urgente de medidas que possam mitigar os riscos associados ao endividamento e à dependência de crédito entre os apostadores.


A regulamentação deve incluir políticas que protejam os consumidores, especialmente aqueles em situações financeiras vulneráveis, promovendo o jogo responsável e evitando que o setor se torne um catalisador para o agravamento de problemas econômicos entre a população.


Conclusão


A pesquisa do Instituto Locomotiva pinta um quadro preocupante do perfil dos apostadores brasileiros, destacando a correlação entre apostas esportivas e endividamento entre as camadas mais vulneráveis da população. Com o crescimento iminente do mercado de apostas no Brasil, é crucial que medidas sejam tomadas para proteger os consumidores e evitar que o entretenimento se transforme em um fardo financeiro insustentável.

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