A gente deixou muito de se olhar e elaborar os melhores comentários para nós mesmos. O mundo virou uma espécie de espelho sem reflexo onde a disputa de ego e futilidades se digladiam e buscam pódio para quem suporta, por mais que doa, a felicidade mais invejável.
Nem todo mundo é feliz o tempo todo e a gente se esqueceu disso. "Felicidade está em horinhas de descuido", escreveu Guimarães Rosa, e a gente esqueceu de olhar o que passa, o que nos rodeia, o que nos capta, o que nos transborda.
A borboleta que rodeia, a criança que corre livremente, o casal de namorados enamorados, a mãe contente, o cãozinho que ladra feliz, o rapaz que escuta e dança sua música favorita. Entre futilidades perdemos as necessidades.
A gente deixou de avaliar e ponderar o que de fato é primordial para a alma e passamos a esperançar o que agrada mais o nosso espelho. Vivemos em tempos de padrões, falsos alicerces e muita covardia.
Feliz daquele que propala sua naturalidade e desfila sua integridade por aí. Hoje, entre ser e não ser, muitos não o são e descuram de sua autenticidade plena em prol de status para caberem num nicho da sociedade.
Feliz daquele que pega seu sorriso mais sincero, sua roupa bonita porque veste um corpo lindo seguro de si e que desfila sua beleza profunda e extremamente inegociável. A beleza da alma não se deve manchar, o sorriso não pode perder o brilho e forma, e o olhar amoroso jamais deve ser cerrado.
Vivemos em tempos onde sermos diferente é motivo de estranhamento. Que tal nos esbarramos por mais singularidades do que semelhanças? (Túlio dos Santos)